terça-feira, 29 de abril de 2008

Google, "o marco zero"

Desde o tempo que cursava a faculdade de comunicação na UFC em 89 suas idéias criativas já ganhavam visibilidade na cena local. Mora em São Paulo há 15 anos, onde consolidou sua carreira como jornalista, dj, stylist, figurinista, pesquisador, escritor, videomaker... Atualmente dedica-se ao jornalismo de tendências, fuçando na internet e descobrindo todas as novidades que acontecem mundo afora. Estamos falando de Jackson Araujo, 43, sem dúvida um homem multimídia. Trocamos algumas figurinhas com ele sobre a ferramenta de pesquisa Google. Claro que foi impossível não permearmos por outros caminhos, afinal, como ele mesmo disse, “no mundo contemporâneo precisamos ser fluidos”.


Patrícia e Haroldo: Quais as ferramentas do Google que você costuma usar?
Jackson Araujo: Eu uso tudo. O google maps, por exemplo, eu acho importante como entendimento de localização de vários movimentos de arte, para descobrir onde ocorrem exposições e as principais manifestações culturais. Já o google Earth e o Sky eu uso para diversão. Procurar planeta... Para mim é uma ferramenta de entretenimento, “tripping tools”, uma ferramenta “viajandona”, sabe?

P+H: O que você pensa dá tão polêmica “geração google”?
J.A.:
Eu penso que seja uma questão de causa e conseqüência. A gente sabe que tem muita gente que entra, faz pesquisa e dá o copy paste. Não é a ferramenta que é criticável, mas sim as pessoas que usam de forma equivocada. Ela serve como uma rede de links para você aprender novas coisas e ir se aprofundando nos assuntos. Acho que é pra isso que o Google, como ferramenta, existe. Pra deixar o usuário com mais conteúdo... claro que é inevitável a existência de uma geração que é superficial e vazia. Com surgimento da Web 2.0 acredito que apareceram mais críticas sobra a internet como colaboradora da mediocridade, mas enfim... Acredito que faz parte de uma nova revolução. Acho importantíssimo a existência de todas essas redes colaborativas.

P+H:Dentre essas novas ferramentas podemos citar o orkut, fotolog, blog, myspace, youtube, dentre outras. Qual dessas ferramentas você costumar utilizar?
J.A.: Nunca tive orkut nem fotolog porque eu não gosto de ferramentas de exibição, mas não condeno. Gosto de redes de relacionamento onde há troca de conhecimento como o myspace, o facebook o youtube, onde o usuário descobre artistas, músicos, bandas, designers, fotógrafos, movimentos ativistas. Uma rede de relacionamentos muito bacana chama IQONS, que é uma rede de portfólios online de pessoas que trabalham com moda. Outra que também costumo usar chama-se HBTO, focada em tendências teenagers.

P+H: O que você procura nessas redes?
J.A.: Com elas eu posso acompanhar vários movimentos que ocorrem no mundo e sei que estes comportam uma parcela de consumidores que interessam para o meu trabalho.

P+H: Complete a frase: O Google para mim é:
J.A.: O marco zero. O começo de toda pesquisa na Internet.

P+H: Então se o Google é um marco zero quais as grandes mudanças que surgiram no âmbito profissional e da arte? E como as antigas gerações devem lidar com essa revolução?
J.A.: No âmbito profissional, o Google proprociona um ganho de tempo nas pesquisas, po conta de seu poder de concisão e filtragem das informações. No âmbito das artes, a Internet como um todo aproxima os trabalhos dos artistas dos consumidores, sejam eles colecionadores (que vão poder efetivamente chegar até o autpr o sua galeria para comprar) ou curiosos/estudiosos (que vão chegar rápido até o seu portfólio online).

P+H: Atualmente temos algumas ferramentas com um caráter de apropriação como a Creative Commons. Como você vê a questão da originalidade através dessa perspectiva da apropriação?
J.A.: Acho o Creative Commons de extrema importância para s novas relações profissionais. A originalidade não é um valor inerente à Internet, ela existe em qualquer profissão antes mesmo de estar disposta online. Com a nova economia que surge, que estamos chamando de Open Economy, novos valores se estabelecem, pondo na pauta do cotidiano a necessidade da abertura de códigos, como está fazendo a Microsoft. Ou ainda, estabelecendo novos padrões como o Sharing (compartilhamento de bens) e Pay What You Want (o caso do álbum "InRainbows", do Radiohead). O mundo definitivamente não é mais o mesmo e a experimentar é muito mais importante do que ter.


P+H: Existem macroestruturas e estão surgindo microestruturas multimídias – os coletivos – que funcionam como refúgios criativos. Quais as possibilidade e vantagens de criar ou participar de coletivos?
J.A.: Infinitas. Os coletivos são estruturas que se fundamentam a partir dos amigos e os amigos, nas novas gerações, são comprovadamente a principal ferramenta de divulgação dos novos valores. Assim, os coletivos têm potencial ilimtado para crescer e se posicionar como marca, como é o caso do selo de música, moda e design francês Kitsuné, considerado fonte criativa de extrema influência no comportamento jovem contemporâneo, entre outros.

P+H: Como ser original num tempo tão esquizofrênico, marcado pela saturação do novo?
J.A.: A questão do novo é recorrente em várias escolas artísticas, muito antes da Internet. Para não irmos tão longe, basta lembrar da Pop Art de Andy Warhol. Cabe ao artista encontrar o novo dentro de suas próprias idéias. Não existem fórmulas.

P+H: Parafraseando Marshall Berman, você é sólido ou já se desmanchou no ar?
J.A.:
Para viver bem no mundo contemporâneo precisamos ser fluidos. Só assim podemos acompanhar as transformações rápidas sem perder a essência. É a única forma de não sofrer um nervous breakdown por perceber que o mundo mudou e você não conseguiu acomapanhar. E como tenho formação de Moda, sou apaixonado pela mudança. Quem tem obsessão pelo novo se desmancha no ar diariamente.

6 comentários:

Andréa Couto disse...

Achei muito interessante a entrevista...o título é bastante chamativo...Parabéns!

Anônimo disse...

Achei interessante a pergunta sobre a geração google e aquela parte que você(S) pedem para que ele complete a frase: o google para mim é...
De fato, fica complicado você pensar a internet sem esse site e suas muitas ferramentas. Embora existam tantas, eu basicamente uso a de busca e a busca adêmica.
Quem sabe, não passe a usar mais agora? rsrs
parabéns

Bárbara Lima disse...

Acredito que a equipe escolheu um profissional que realmente usa várias das ferramentas do goglee. A entrevista é toda coerente, de leitura fácil, bem escrita. Só senti falta de informações relativas ao que o entrevistado trabalha no momento. Quanto ao resto, tudo Ok.

Rachel Lorrayne disse...

Gostei da entrevista. O título, as fotos e as perguntas em si casaram muito bem. Parabéns!

Tábata Alencar disse...

Parabéns, a matéria de vcs ficou muito boa, explorou todos os assuntos possíveis do google, e não ficou só buscando quais as ferramentas do google o entrevistado mais ultiliza. Pra mim a melhor matéria!

Talita Santos disse...

O fato de ter entrevistado um profissional multimídia foi uma forma criativa de abordar o tema Google. O entrevistado usa ferramentas bem distintas do senso comum, o que torna a conversa mais interessante.
A entrevista está bem dinâmica. E de fácil leitura.