Patrícia e Haroldo: Quais as ferramentas do Google que você costuma usar?
Jackson Araujo: Eu uso tudo. O google maps, por exemplo, eu acho importante como entendimento de localização de vários movimentos de arte, para descobrir onde ocorrem exposições e as principais manifestações culturais. Já o google Earth e o Sky eu uso para diversão. Procurar planeta... Para mim é uma ferramenta de entretenimento, “tripping tools”, uma ferramenta “viajandona”, sabe?
P+H: O que você pensa dá tão polêmica “geração google”?
J.A.: Eu penso que seja uma questão de causa e conseqüência. A gente sabe que tem muita gente que entra, faz pesquisa e dá o copy paste. Não é a ferramenta que é criticável, mas sim as pessoas que usam de forma equivocada. Ela serve como uma rede de links para você aprender novas coisas e ir se aprofundando nos assuntos. Acho que é pra isso que o Google, como ferramenta, existe. Pra deixar o usuário com mais conteúdo... claro que é inevitável a existência de uma geração que é superficial e vazia. Com surgimento da Web 2.0 acredito que apareceram mais críticas sobra a internet como colaboradora da mediocridade, mas enfim... Acredito que faz parte de uma nova revolução. Acho importantíssimo a existência de todas essas redes colaborativas.
P+H:Dentre essas novas ferramentas podemos citar o orkut, fotolog, blog, myspace, youtube, dentre outras. Qual dessas ferramentas você costumar utilizar?
J.A.: Nunca tive orkut nem fotolog porque eu não gosto de ferramentas de exibição, mas não condeno. Gosto de redes de relacionamento onde há troca de conhecimento como o myspace, o facebook o youtube, onde o usuário descobre artistas, músicos, bandas, designers, fotógrafos, movimentos ativistas. Uma rede de relacionamentos muito bacana chama IQONS, que é uma rede de portfólios online de pessoas que trabalham com moda. Outra que também costumo usar chama-se HBTO, focada em tendências teenagers.
P+H: O que você procura nessas redes?
J.A.: Com elas eu posso acompanhar vários movimentos que ocorrem no mundo e sei que estes comportam uma parcela de consumidores que interessam para o meu trabalho.
P+H: Complete a frase: O Google para mim é:
J.A.: O marco zero. O começo de toda pesquisa na Internet.
P+H: Então se o Google é um marco zero quais as grandes mudanças que surgiram no âmbito profissional e da arte? E como as antigas gerações devem lidar com essa revolução?
J.A.: No âmbito profissional, o Google proprociona um ganho de tempo nas pesquisas, po conta de seu poder de concisão e filtragem das informações. No âmbito das artes, a Internet como um todo aproxima os trabalhos dos artistas dos consumidores, sejam eles colecionadores (que vão poder efetivamente chegar até o autpr o sua galeria para comprar) ou curiosos/estudiosos (que vão chegar rápido até o seu portfólio online).
P+H: Atualmente temos algumas ferramentas com um caráter de apropriação como a Creative Commons. Como você vê a questão da originalidade através dessa perspectiva da apropriação?
J.A.: Acho o Creative Commons de extrema importância para s novas relações profissionais. A originalidade não é um valor inerente à Internet, ela existe em qualquer profissão antes mesmo de estar disposta online. Com a nova economia que surge, que estamos chamando de Open Economy, novos valores se estabelecem, pondo na pauta do cotidiano a necessidade da abertura de códigos, como está fazendo a Microsoft. Ou ainda, estabelecendo novos padrões como o Sharing (compartilhamento de bens) e Pay What You Want (o caso do álbum "InRainbows", do Radiohead). O mundo definitivamente não é mais o mesmo e a experimentar é muito mais importante do que ter.
P+H: Existem macroestruturas e estão surgindo microestruturas multimídias – os coletivos – que funcionam como refúgios criativos. Quais as possibilidade e vantagens de criar ou participar de coletivos?
J.A.: Infinitas. Os coletivos são estruturas que se fundamentam a partir dos amigos e os amigos, nas novas gerações, são comprovadamente a principal ferramenta de divulgação dos novos valores. Assim, os coletivos têm potencial ilimtado para crescer e se posicionar como marca, como é o caso do selo de música, moda e design francês Kitsuné, considerado fonte criativa de extrema influência no comportamento jovem contemporâneo, entre outros.
P+H: Como ser original num tempo tão esquizofrênico, marcado pela saturação do novo?
J.A.: A questão do novo é recorrente em várias escolas artísticas, muito antes da Internet. Para não irmos tão longe, basta lembrar da Pop Art de Andy Warhol. Cabe ao artista encontrar o novo dentro de suas próprias idéias. Não existem fórmulas.
P+H: Parafraseando Marshall Berman, você é sólido ou já se desmanchou no ar?
J.A.: Para viver bem no mundo contemporâneo precisamos ser fluidos. Só assim podemos acompanhar as transformações rápidas sem perder a essência. É a única forma de não sofrer um nervous breakdown por perceber que o mundo mudou e você não conseguiu acomapanhar. E como tenho formação de Moda, sou apaixonado pela mudança. Quem tem obsessão pelo novo se desmancha no ar diariamente.